Contributo para o conhecimento da alimentação eborense em contextos modernos
estudo dos materiais zooarqueológicos do Colégio do Espírito Santo
Palavras-chave:
Zooarqueologia, Dieta, Idade Moderna/ Contemporânea, Colégio do Espírito Santo, ÉvoraResumo
Apresenta-se neste trabalho o conjunto arqueofaunístico recolhido na abertura de uma sondagem para a colocação de grua de grandes dimensões para apoiar os trabalhos de conservação e restauro das coberturas do Colégio do Espírito Santo, edifício principal da Universidade de Évora.
A área intervencionada foi reduzida e atingiu apenas a profundidade necessária à obra (1 m) pelo que os contextos observados são, nalguns casos, resultado de obras recentes, mas, noutros, apresentavam-se bastante definidos, separados por vários níveis de pavimento. Em termos gerais registou-se a presença de um conjunto de faunas associadas ao quotidiano eborense, na sua maioria decorrente de despejos de restos alimentares, balizados entre os sécs. XVI e XIX.
A coleção estudada, com 285 restos determinados, é relativamente homogénea, apesar de apresentar alguma variabilidade na abundância relativa das principais espécies animais.
Foram identificados mamíferos, aves, réptil (cágado), peixe e moluscos. A maioria dos restos pertence a mamíferos domesticados, de médio e grande porte, salientando-se, por ordem a abundância, os caprinos (nomeadamente a ovelha), os bovinos e os suínos. A estes acrescem equídeos, coelhos, lebres e vários carnívoros (cão, gato, raposa e toirão). Nas aves predomina a galinha, acompanhada do pato e da perdiz. Os moluscos estão representados pela amêijoa, ostra, vieira e Acanthocardia.
A maioria dos mamíferos e das aves foram abatidos em idade sub-adulta e/ou adulta para consumo humano, sendo que as evidências apontam para processamento associado a ensopados e/ou cozidos.